Ao caro leitor
Dar aula de japonês
para estrangeiros é maior prazer para mim.
Em 1998 eu começei a
dar aula aos descendentes de japonês numa colonia japonesa do interior de São
Paulo.
Eu era único professor
e tinha cerca de 20 alunos na escola.
A grande maioria era
Nissei ou Sansei ( filho de japonês ou neto de japonês ), cuja faixa etária era
entre 7 anos e 15 anos.
Havia uma aluna
brasileira, que era professora aposentada de 55 anos e frequentava à escola
todas as manhãs, de segunda-feira até sábado.
Eu tentava ensinar
“japonês” para essa senhora em português bem simples, pois eu não falava quase
nada de português.Parecia que ela sentia simpatia comigo e me explicava sobre
várias coisas do Brasil, com muita paciência.
Como ela já tinha
certa idade, ela tinha muita dificuldade em aprender japonês.
Os alunos mais novos
eram pestinhas.
Bah! Como foi difícil
lidar com eles,pois eles bagunçavam muito durante “aula”.
Parecia que eu estava
no zoológico. ( Desculpe pela expressão.Mas,não estou querendo ofender meus
alunos queridos. )
Eles eram bem enérgicos.Não
conseguiam ficar sentados nas cadeira há mais de 30 minutos.
Como a duração de aula
era de 90 minutos, eu precisava fazer outra atividade além de “aula” de
japonês, tipo brincadeiras tradicionais do Japão tais como Darumasan ga
Koronda, pula-corda, pega-pega ( Keidoro ) .....
Eu ainda era novo na
época ( 25 anos ).Por isso, eu conseguia acompanhar eles e podia brincar
juntos.
Posso lhe dizer que eu
era mais instrutor de recreação do que professor de japonês.
“Eu vim ao Brasil para
fazer essas coisas!?”
Eu me questionava na
época.
Ah! Ensinar Hiragana
para uma aluna de 5 anos que nem sabia ler alfabetos era bicho de 7 cabeças.
Tan, tan, tete,tan, tan, tete,
chararaaan,chararaaan…
Tocava a música do
filme missão impossível na minha cabeça....
Foi experiência única
que eu jamais esquecerei.
Se não me engano, ela
conseguiu aprender todas as Hiraganas.Mas, demorou tempão.
Do meu fundo do
coração, eu admiro professores da escola infantil.
;)