Ao caro leitor
Há um livro muito famoso que a grande maioria dos universitários japoneses vão ler no último ano da universidade, na época em que eles vão procurar primeiro emprego.
Eis Mensestu no Tatsujin ( 面接の達人 ).
O título do livro significa Mestre de entrevista.É tipo manual, no qual está escrito sobre como universitário consegue se dar bem na entrevista e arrumar primeiro emprego.
Será que existe um livro deste gênero no Brasil?
Acredito que não.
Seja bem, seja mau, os japoneses em geral gostam de seguir manual, pois eles são obedientes e escutam bem qualquer orientação.
A boa leitura deste livro deixa os universitários mais tranquilos na hora de enfrentar entrevistas das empresas.
Como eu já tratei num post no meu blog, a maioria dos universitários japoneses costuma procurar empregos nos ramos que não têm a nada a ver com seus cursos.
Diferente dos universitários brasileiros que fazem estágios nas áreas de seus estudos antes, os universitários japoneses não têm nenhumas experiências profissionais nos ramos escolhidos, exceto bicos que eles fizeram durante faculdade.
Por isso mesmo, ao procurar primeiro emprego nas empresas privadas, os universitários não têm como se diferenciar dos outros pelas suas carreiras profissionais e nem podem apresentar seus trabalhos concretos para entrevistador.
Nessa altura, o máximo que os universitários podem fazer nas entrevistas é fazer Jiko Syokai ( auto-apresentação,自己紹介 ) e manifestar Shibou Douki ( motivo pelo qual se candidato para concorrer a vaga na empresa, 志望動機 ), para comprovar que eles têm habilidades promissores e motivação para tal trabalho.
- O que eles fizeram durante curso?
- O que eles aprenderam através dessas atividades realizadas?
- Através dessas experiências, como eles melhoraram seus desempenhos e qual seria pontos fortes que pode trazer vantagem para empresas?
- Por qual motivo eles procuram emprego num ramo determinado?
- E entre tantas empresas nesse ramo determinado, por que escolheram uma empresa determinada?
O candidato para concorrer uma vaga numa empresa precisará elaborar, ou melhor, inventar uma auto-apresentação bem coerente e convincente e apresentá-lo dentro do tempo bem curto, autorizado pelo entrevistador, que costuma ser no máximo 2 minutos.
Na época, eu enfrentava algumas entrevistas coletivas e ouvia apresentações dos outros candidatos.Bah!!Como apresentações deles eram coerentes no sentido irônico, inclusive a minha!!
Aliás, cada vez que eu fazia Jiko Shokai e manifestava Shibou Douki na entrevista,eu ficava com vergonha até, pois eu mesmo não estava convencido por aquela apresentação.
Dizem que hoje em dia há universitários que fazem atividades sociais como voluntários, viagem pelo mundo inteiro pedindo caronas, só para terem experiências únicas, através dos quais eles podem se destacar na hora de entrevista da empresa.
Na minha opinião, não adianta fazer essas coisas só pensando em passar nas entrevistas das empresas.A vontade de trabalhar numa área específica tem que surgir naturalmente.Não adianta fingir que você gosta daquele tipo de trabalho.
No meu caso, não surgiu nenhuma vontade se trabalhar num ramo determinado infelizmente.Aliás, nem conseguia imaginar eu trabalhando numa empresa.Por isso mesmo, eu não passava nas entrevistas.
Ter capacidade mínima é pré-requisito para qualquer trabalho. Contudo, o que é mais importante na entrevista é a vontade, determinação e paixão por aquele trabalho por parte do candidato.
Caso candidato tiver tanto vontade de trabalhar nesse ramo ou nessa empresa, querendo ou não querendo, ele acaba demonstrando sua vontade, na entrevista e o entrevistador vai sentir isso com certeza absoluta.
Aí já não precisa mais de Mensetsu no Tatsujin, pois poderá fazer auto-apresentação e explicar seu motivo de trabalho com próprias palavras naturalmente.
;)