terça-feira, 3 de abril de 2012

Fazer doutorado no Japão é melhor maneira para ser pobre!?

  Ao caro leitor

  Para nós nos promovermos na sociedade, a melhor maneira sempre foi investir na educação.

  Quanto mais formação acadêmica alta você tiver, mais futuro garantido você vai conseguir na vida profissional.

  Por isso, os japoneses que queriam se dar bem na vida se dedicavam aos estudos sacrificando suas juventudes preciosas só com o objetivo de conseguir ingressar nas melhores universidades do Japão.


  Só que faz tempo que ter diploma de graduação deixou de ser um caminho certo para garantir futuro promissor no Japão.

  Diferente da situação há 20 anos, hoje em dia, qualquer japonês pode entrar em alguma universidade, seja qual for o nível da inteligência do aluno, como eu já tratei num post.

  Ou seja, a graduação não basta. Exige-se a formação acadêmica mais alta.

  Nos anos 1990, o governo japonês adotou uma política, no qual criou mais curso de pós-graduação principalmente nas universidades federais, prometendo dar lhes mais orçamento para pesquisas,etc.

  Era exatamente numa época em que estourou a Bolha financeira eimobiliár iado Japão.

  Muitos universitários tinham dificuldade em arrumar empregos na época devido à queda radical de contratação de graduados.

 Como eu já tratei num post, se você não conseguir arrumar emprego enquanto ainda é estudante, você jamais conseguirá arrumar emprego nas empresas de primeira linha depois da formação.

  Portanto, muitos universitários seguiram a carreira acadêmica na pós-graduação só para não ter lacuna no seu currículo, imaginando que poderia arranjar emprego logo depois que terminar o curso de mestrado graças a recuperação da economia.

  Você poderá se verificar o aumento radical do número de mestrando e de doutorando após nos anos 1990 no gráfico a seguir.


  Só que o que aconteceu posteriormente era diferente do que a grande maioria do mestrando e doutorando previa.

  Como você sabe, a recessão continuou durante 20 anos.E posso lhe dizer que a economia japonesa ainda está em recessão, por incrível que pareça.

  O que é pior é que as empresas de primeira linha preferem contratar graduados aos mestrandos ou doutorandos.

  Você sabe porquê?

  Quem fez mestrado ou doutorado não está treinado para trabalhar nas empresas privadas, pois eles  só estudaram nas universidades. Portanto,eles não sabem atender clientes, nem sabem comportar e falar de maneira educada como deve. Em consqüência disso, as empresas precisam investir dinheiro para treinarem eles como se fossem graduados, o que geraria mais custo para empresas.

  Mesmo assim, as empresas são obrigados a pagar o salário alto para quem tem mestrado ou doutorado, só pelo fato de que eles têm formação acadêmica mais alta.Quem pagaria salario mais alto para quem tem "menos" qualificado!?

  Bom. Os estudantes que fizeram mestrado na área exata ainda poderiam ser contratados pelas empresas reconhecidas, caso seus estudos na universidade são áreas visadas pelas empresas.

  Entretanto, quem fez mestrado ou doutorado na área humana ou quem fez doutorando na área exata difíclmente vai conseguir arrumar emprego nas empresas privadas, pois seus estudos servem só no ambiente acadêmica.

  O único jeito de mesrando ou doutorando se promover é ser professor universitário.Ou seja, permancer na área acadêmica.

  Segue outro gráfico, no qual mostra o número de bebê e a taxa de fecundidade.


  Como você pode ver, tanto o número bebê quanto a taxa de fecunididade está diminuindo cada vez mais ao longo da história após o fim da segunda guerra mundial.Ou seja, as universidades no Japão estão precisando de professores universitários cada vez menos.

  Você já pode imaginar a conseqüência de tudo isso,ne?

  Sim. Muitas pessoas com título de doutorado sem empregos surgiram no Japão nos últimos 15 anos.

  Como eu já tratei num post,  o professor universitário é uma das profissões mais almejadas e o salário do professor universitário é bom.

  Só que quem consegue se tornar professor universitário é minoria.

  Quem não conseguiu nenhum emprego na orgão acadêmica nem vai conseguir arranjar emprego nas empresas privadas por razões citadas acima. Além disso,como quem faz doutorado tem muitos orgulhos e insiste em seguir a carreira acadêmica, eles não aceitam qualquer trabalho.

  Desta maneira eles acabam ficando pobres mesmo.

  No Japão, já faz bom tempo que as imprensas japonesas tratam dos surgimentos de muitos doutorandos sem empregos fixos como problema social.
                                     
  Lamento dizer o seguinte. Contudo, gerar muitos”Intelectuais” que não estão servindo nada para a sociedade é desperdício e tanto.

  Ao mesmo tempo, eu fico com pena de quem ficou pobre fazendo doutorado.Para que eles estudaram tanto sacrificando sua vida!?

  Eu não entendo porque o governo japonês adotou essa política absurda. Eu acredito que eles deveriam ter previsto o que ia acontecer posteriormente.

  Pelo jeito, o governo japonês parou de incentivar a criação de novos cursos de pós-graduação nas universidades agora. Só que aqueles mestrandos e doutorandos pobres continuam existir como se fossem refugiados dos exteriores na sociedade japonesa.

  Quem se responsabiliza por essa realidade!???

  Infelizmente eu vejo a mesma coisa na política brasileira em relação à educação.Com certeza, o Brasil vai enfrentar o mesmo problema.

  Bom. Você quer fazer doutorado!?

  ;)



Comentários
15 Comentários

15 comentários:

Caio Luis disse...

Fiquei um pouco triste ao ler,então se especializar em uma área acadêmica pode não dar muito resultado no futuro.Você continua no Brasil pelo mercado de trabalho ser mais acolhedor?

Pedro de Morais disse...

Ótimo post. Acredito que está realidade já é comum aqui no Brasil também, ela é mais agravada lá devido a características sociais e culturais do Japão.

Haruka disse...

Ah, acredito que tem vários culpados disso na própria sociedade japonesa:

Primeiro, é proibido trabalhar enquanto faz faculdade, ou seja, ao mesmo tempo em que você incentiva o estudante a se esforçar com seus estudos, você o mantem longe do mercado de trabalho.

Segundo, como as áreas de pesquisa de pós graduação normalmente não são muito práticas (generalizando, é claro), é óbvio que os mestrandos ou doutorandos acabem não usando os conhecimentos no dia a dia. E pior: Por conta do problema 1, eles ficarão ainda mais tempo por fora do mercado de trabalho. É, sob esse ponto de vista, contratar um graduando parece muito melhor mesmo.

Acredito que esse problema está mais próximo do Brasil porque podemos trabalhar enquanto estudamos. Eu, por exemplo, faço faculdade e já tenho praticamente emprego fixo. Posso seguir meus estudos tranquilamente, sabendo que estou com o futuro profissional acertado. Além do mais, brasileiros são um pouco mais "ousados" e não se prendem apenas as oportunidades comuns do mercado de trabalho. Conheço gente da minha idade que fundou empresa já, até!

Aliás, parece uma alternativa boa para os japoneses que fizeram doutorado mas não conseguiram emprego em grandes empresas. Será que eles ousariam?

Yuki disse...

Obrigado pelos comentários.
Ser professor universitário é mesma coisa que ser jogador profissional de futebol.
Quem não conseguiu tem que se virar infelizmente.
Só que gerar pessoas com título de doutorado sem empregos é um desperdício tanto para o país quanto para quem fez doutorado.
Precisará aproveitar recurso humano de maneira mais eficaz para desenvolver o país.
;)

Renato Kunz disse...

Fato, que isso já é realidade no Brasil, talvez de forma ainda menos intensa mas mercado de trabalho do Brasil já esta assim. Hoje os grandes beneficiados foram aqueles que se formaram a mais ou menos uns 10 a 20 anos atrais, os formandos de hoje estão tendo muitas dificuldades. Vejo isso nos meus veteranos no curso de Engenharia na federal do espirito santo.

Anônimo disse...

No Brasil é um tanto diferente, já que os mestrados e doutorados, pelo menos na área de exatas, são bem voltados para o que o mercado procura mesmo, como modelagem computacional, produção e planejamento...
Acho que no Japão, eles simplesmente deveriam deixar o academicismo de lado e reformular as grades dessas pós-graduações, tornando-as direcionadas ao mercado, inclusive com estágios obrigatórios através de parcerias com empresas.

Akio disse...

o ensino medio aqui no japão não reprova nenhum aluno, o aluno pode naum fazer nada nas aulas, nem sequer estudar... na prova so colocar o nome... e não reprova... muitos dos japoneses so estudam ate a oitava serie, dps vão trabalhar, pq a escola é muito cara, e os pais axam desperdicio de dinheiro... ate porque a grande maioria nem sequer pensam em entrar numa faculdade, a mensalidade de uma faculdade aqui no japão pode custar ate 20 mil reais..... eai?? pensando assim o Brasil ainda está bom, não?

Anônimo disse...

Akio

Mas se o aluno durante o chugaku não estuda pra passar num koukou bom já piora as chances de ele conseguir emprego.

Quem não quer ou nao tem condicoes de entrar na faculdade pode se qualificar de outra maneira, estudar em senmon gakko por exemplo.

Já no Brasil parece que só pensar no diploma de curso superior, diplomas de tecnico e tecnologos não sao bem vistos, e salários pouco agradáveis.

KingOfAnalogies disse...

caramba tava pesquisando sobre doutorado no japão. de forma casual. encontrei esse blog. muito bom. continue com o trabalho e acabei visitando vários posts gostei muito no geral.

押田 ~龙 disse...

“... Eu não entendo porque o governo japonês adotou essa política absurda. Eu acredito que eles deveriam ter previsto o que ia acontecer posteriormente...“
Essa sua frase me levantou uma lembrança a qual escuto direto nesse tempo de japão que e a frase ”Como resolveremos um problema antes que ele surja ” ouço essa frase não de um mas vários japoneses a respeito de problemas em empresas projetos e afins. Minha duvida eh: isso faz parte da cultura ou surgiu a pouco e você que esta pensando um pouco como ocidental? Antes de vir achava que os japoneses tinham uma boa capacidade em detectar probabilidades ate ouvir isso inúmeras vezes e estranhei. Ai pesquisei, pesquisei e pesquisei e vi que hoje eles agem rápido diante dos acontecimentos gracas a muitos erros passados, mas ainda sim resolvem os problemas a medida que surgem apesar de ter a cultura de melhoria das coisas isso me da um no no cérebro....

Anônimo disse...

Essa foi uma tremenda estupidez política, não é mesmo?

Bem, para começar, é preciso entender que a economia é regida pelo mercado e esse, pela sociedade. Aqui no Brasil temos o problema de ter várias faculdades particulares. Imagine agora, toneladas de formados, disputando apenas meia dúzia de vagas? Para nossa sorte, a demanda é bem alta na maioria das profissões.
A raiz de todo esse problema, é o governo, que age contra a vontade do mercado, criando um desequilíbrio entre o número naturalmente previsto de competidores por vaga. O desequilíbrio começa, na na maioria das vezes, quando o governo tenta criar mais vagas e universidades, criando assim um "boom" de estudantes graduados e pós-graduados, que por sua vez, acabam inflando muito o mercado com pessoas desnecessárias.
O intervencionismo do governo sempre termina da pior maneira possível. O pior exemplo que posso te dar do Brasil, são as cotas raciais e as chamadas "ações afirmativas".
As cotas, com a desculpa de quererem equilibrar o numero de negros entrarem em universidades, está criando uma situação em que o aluno que não se esforçou o bastante, entre numa universidade, intelectualmente despreparado, "roubando" a vaga daqueles que se esforçaram. Sem falar que a maioria das pessoas que entram por cotas, são muito reprovadas para passar de nível nas universidades.
Já o caso das "ações afirmativas", é a situação semelhante as Cotas, mas voltada as mulheres. O resultado é o mesmo.
Quem quer ganha bastante dinheiro fazendo alguma profissão que necessite de diplo acadêmico, precisa saber que as vagas e oportunidades de um bom emprego e salário alto depende exclusivamente da demanda do mercado e esse, por sua vez, depende da sociedade.

Adorei seu blog. Continue assim! Um abraço.

Bruno Rocha

Joao Tales disse...

Olá!

Eu fiz doutorado no Japão na área de engenharia e consegui emprego sem problemas. O problema do doutorado é que muitos não planejam com cuidado suas carreiras. Antes de entrar no doutorado eu já sabia que o tempo fora do mercado poderia me prejudicar, por isto eu trabalhei muito ao mesmo tempo que cursava, trabalhava inclusive nos domingos. Eu tive o cuidado de escolher um tópico que fosse prático, e com demanda no mercado. Voltei para o Brasil e arranjei um emprego na mesma semana!
Outra coisa é que mesmo no Japão existe demanda por doutores SIM. Todos os meus colegas estão empregados em empresas, e apenas um seguiu carreira acadêmica. Em muitas empresas de tecnologia existe o departamento de pesquisa e desenvolvimento, algo alienígena aqui nas empresas do Brasil, onde normalmente só são empregados pessoas com doutorado. Existem até empresas no Japão que só contratam doutores, como empresas de consultoria na área de exatas. Por sinal, as grandes empresas japonesas hoje só contratam quem tem mestrado. TODOS os meus colegas que hoje trabalham na JR, SONY, SHARP, KAJIMA, entre outras, cursaram mestrado.
Acredito que o problema, afinal, seja uma falta de planejamento por parte do doutorando, ou do candidato a pós-graduação. Se você escolheu uma área de humanas e quer fazer doutorado mas não planeja nada, você começou da maneira errada. Aí sim as universidades deveriam entrar na jogada, ajudando estes alunos a planejarem a carreira, coisa que poucas fazem.

Walquiria "Youko" disse...

Olá, boa tarde. Gostei bastante do seu texto. Na verdade ele responde algumas perguntas a respeito das oportunidades no Japão.
Sou formada em Ciências Biológicas (Biologia), faço mestrado na área de reprodução de peixes.Ainda não tenho certeza se vou fazer o doutorado. Acredita que mesmo estando no contexto do "mais graduado, menos experiente", por ter trabalhado em uma área onde os países asiáticos são desenvolvidos ainda tenho chances reais de trabalhar em uma empresa japonesa ou estou no grupo "de risco", dos intelectuais que vão precisar voltar ao seu país (no meu caso, o Brasil)e tentar por lá, sendo que também não será nenhum um pouco mais fácil??

Yuki disse...

Obrigado pelo comentário.
Quem é realmente bom numa área vai conseguir arrumar empregos em qualquer país.
;)

timtimtop disse...

Eu, por já ter sentado do outro lado da mesa, posso afirmar com certeza absoluta, é que falta candidatos pra vaga. Tem cada cidadão que aparece, que faz vc sentir com vergonha

Mas tbm, hj em dia o pessoal contrata mais para cargos específicos. Sendo que muitos bons profissionais infelizmente acabam se perdendo no meio do caminho.

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